Genebra, julho de 2025 – A ONU, por meio do programa UNAIDS, lançou um alerta urgente nesta semana: os cortes no financiamento dos Estados Unidos ao combate global ao HIV/Sida podem resultar em até 6 milhões de novas infecções e 4 milhões de mortes adicionais até 2030. O alerta faz parte do novo relatório “Sida: crise e o poder de transformar”, divulgado na quinta-feira (10).
Segundo a diretora-executiva da UNAIDS, Winnie Byanyima, o impacto já está sendo sentido em diversos países, especialmente na África Subsaariana, onde milhões de pessoas dependem de programas financiados por doações internacionais, em especial pelo governo norte-americano.
“O que está em jogo não é apenas dinheiro, mas vidas humanas. Cortar esse financiamento é abrir caminho para uma catástrofe sanitária global”, afirmou Byanyima. A diretora classificou o cenário como uma “bomba-relógio” que ameaça décadas de progresso na luta contra a doença.
O PEPFAR e a Crise no Financiamento
Criado em 2003, o PEPFAR (Plano de Emergência do Presidente dos EUA para o Alívio da Aids) é o maior programa internacional de combate ao HIV. Só em 2024, o programa representou mais de 60% do financiamento da UNAIDS, beneficiando milhões com testes, tratamento e prevenção.
Entretanto, os EUA suspenderam cerca de US$ 4,3 bilhões em 2025, por pressões políticas internas, gerando uma crise imediata em dezenas de países. Clínicas foram fechadas, profissionais demitidos e o fornecimento de medicamentos interrompido.
Segundo o relatório, sem a reposição desses fundos, o mundo pode voltar a registrar 2.000 novas infecções por dia, e os sistemas de saúde mais frágeis correm o risco de colapso.
Dados Alarmantes
6 milhões de novas infecções por HIV previstas até 2030 se os cortes forem mantidos;
4 milhões de mortes adicionais por complicações relacionadas à Sida no mesmo período;
Queda abrupta no uso da profilaxia pré-exposição (PrEP) em países como Nigéria, Moçambique e Etiópia;
Cerca de 630 mil mortes e 1,3 milhão de novas infecções apenas em 2024.
Apelo Global
A ONU apelou ao governo norte-americano e à comunidade internacional para restaurar e ampliar os investimentos na luta contra o HIV. O documento pede maior mobilização de recursos internos nos países afetados e transparência nos repasses internacionais.
“A meta de acabar com a Aids até 2030 está sob ameaça direta. Ainda é possível reverter esse cenário, mas é necessário agir agora”, conclui Byanyima.
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